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As Casas Astrológicas

O significado das casas astrológicas

Por Astrolink em Astrologia básica

Modo claro

30 minutos de leitura

A origem das casas astrológicas remonta alguns séculos antes de Cristo, na mesopotâmia. As casas não existiam como as conhecemos hoje, entretanto, os estudos de hemerologia indicam que as horas na Mesopotâmia, eram contadas de acordo com os arcos diurnos e noturnos do Sol. Assim, as horas do período diurno eram mais curtas no Inverno e mais largas no Verão.

Os povos da mesopotâmia dividiam o dia em 12 partes (o que chamamos de horas hoje em dia é de fato uma parte do dia) e usavam o Ascendente para determinar estes tais pedaços do dia. Por conta disto, era muito complicado calcular as "partes do dia", pois estas mudavam de estação em estação. O mesmo não aconteceu no Egito.

O dia então tinha 6 pedaços (partes), assim como a noite e as partes do dia eram divididas em três: a manhã tinha três partes, assim como a tarde, a noite e a madrugada.

As Casas Astrológicas entretanto parecem obedecer os mesmo princípios de harmonia lógica entre o mundo de cima e do baixo que os povos da Mesopotâmia adotaram em seus modelos de organização.

Em seus mapas natais (prática iniciada aprox. em 500 a.C.), utilizava-se o Ascendente e o Descendente nos mapas, ou seja: o horizonte do local.

Como os dias são mais longos no verão, digamos que as "partes" - ou horas - do dia eram maiores que as da noite. Assim, trabalhavam mais durante a primavera e o verão do que no outono e inverno. O sistema era orgânico, pois o corpo se adequava bem aos ciclos de maior ou menor disponibilidade de luz no ambiente.

Entretanto, era muito difícil disseminar tais regras. Elas exigiam cálculos e nem sempre as pessoas conseguiam fazê-los por conta de uma irregularidade da passagem das "partes" do dia estarem em sincronismo.

Como o trabalho na agricultura requer um trabalho diuturno, o sistema acabou sendo abandonado e substituído para os calendários romanos (Juliano e Gregoriano) quando começaram a usar as horas sempre iguais independente das estações do ano, como ainda é nos dias de hoje. Ele é menos orgânico, mas mais fácil para a organização social.

Tal forma de dividir os tempos do dia em astrologia, portanto, se referem à um esforço em torná-lo mais orgânico e responsivo, mantendo uma coerência com a forma de como se fazia na Mesopotâmia.

As casas astrológicas - ou divisões do dia - começam portanto a ser usadas durante o helenismo, entre o século III a.C e IV d.C, onde surgem algumas propostas para este sistema zodiacal de 24 horas.

No estudo da Astrologia Helenística, as casas astrológicas são separações que dividem o campo celeste local (baseados no sistema local de referências astronômicas) em 12 áreas distintas.

Uma observação interessante a ser ressaltada é que toda divisão de ciclos que envolvem ecossistemas, mapeamento e sequências é entendido como zodíaco, não importando se ele dura 24 horas ou 250.000.000 de anos.

Surgiram então as divisões de signos inteiros, levando-se em consideração o ascendente, mas que não coincidia com o início da primeira casa. Entretanto, mostrou-se disfuncional e foi abandonado.

O modelo mais aceito foi o de Claudio Ptolomeu e de Porfírio, que dividia o céu local de 24 horas em 4 partes (manhã, tarde, noite e madrugada) utilizando-se uma base astronômica de horizonte local e plano do meridiano.

Cada quadrante destes era trisseccionado, dividindo-se os graus de longitude eclíptica em partes iguais. Assim, estas trissecções não tinham um tratamento geométrico, astronômico ou cinemático: eram apenas matemático.

Desta forma, Ptolomeu deixou uma lacuna em seus cálculos no que se refere a como se deve dividir as casas dos quadrantes, o que faria com que outros astrônomos-astrólogos fizessem propostas mais elegantes do ponto de vista da realidade do movimento celeste posteriormente.

A evolução e consolidação das casas na astrologia

Na astrologia ocidental existem vários sistemas para se identificar as casas em um mapa astral e o método mais simples é dividir o céu em 12 áreas iguais, no qual é chamado de Sistema de Casas Iguais.

Entretanto, esta igualdade de divisão (cada casa com exatos 30 graus) também chamada de Divisão Equatorial não assiste base e colide com os modelos de naturalidade da característica de um sinal / signo.

Assim como toda a Astrologia, que se constrói sob o edifício da naturalidade dos movimentos e posicionamentos, sem uma interferência ostensiva do pensamento imaginário do homem (se ele empresta por exemplo um movimento imaginário a um astro, ou o céu, ou mesmo inventa planetas e lhes atribui efeitos por exemplo), o sistema de casas iguais fere este princípio, já que as trissecções que formam as casas variam de cidade para cidade, não deixando os movimentos celestes compatíveis com o que se observa e verdadeiramente acontece no mundo natural.

Outro sistema muito popularizado é o sistema Placidus (1603 d.C). Este sistema leva o nome de um matemático, astrólogo e astrônomo italiano do século XVII de nome Placidus de Titius, da Universidade de Pávia. De fato, seu modelo já havia sido proposto no século XII por outro astrônomo, astrólogo e matemático de nome Ibn Ezra.

Neste sistema, criamos trissecções (dividir-se os quadrantes) em três partes, astronomicamente falando, em termos do tempo de passagem do Ascendente até o Meio do Céu. Então, para cada local, o céu terá um movimento natural nestes tempos e divisões.

Este sistema se tornou o mais utilizado ao longo do tempo por ser o mais orgânico e possuir um aperfeiçoamento do sistema de Prolomeu-Porfírio, inclusive sendo mais testado.

Surgem então posteriormente vários sistemas de casas como: Alcabitius, Koch, Campanus, Regiomontaus, Morinus, Topocêntrico entre outros.

As diferenças entre os sistemas astronômicos citados acima se relaciona com as trissecções apenas. Muitas vezes, utilizar-se diferentes sistemas para um mesmo mapa, ocasiona as mesmas domificações,  localizações dos astros nas casas.

De fato, as propostas de sistemas de casas diferentes referem-se apenas a "modelos matemático-astronômicos" de realizar tais divisões. Elas não foram feitas porque astrólogos estavam vendo interpretações que não eram coerentes e resolveram mudar o sistema, mas sim com base, sendo muito importante se pensar a respeito disso.

O sistema de casas iguais (como o astrólogo Stephen Arroyo prefere) entra em desacordo com a naturalidade da relação movimento-efeito de sinais / signos, uma vez que o céu não fez tais movimentos de forma natural. Desta forma, a adoção do sistema de casas iguais cria um problema de exclusão lógica-matemática-física para o modelo astrológico, não sendo aconselhado.

Se podemos inventar divisões que não possuem uma relação natural com os movimentos (cinemática), para que precisamos calcular com precisão os demais astros, por exemplo?

O uso de um ou de outro sistema de casas varia da percepção de cada astrólogo em sua análise, entretanto, os sistemas apresentam resultados muito parecidos para as casas intermediárias e são apresentados partindo-se das possibilidades de divisão dos quadrantes, uma vez que esta divisão não foi matematicamente bem definida por um importante astrônomo e astrólogo grego de nome Cláudio Ptolomeu.

Assim, é importante entender que com exceção do Sistema Topocêntrico, onde houverem testes de eficiência astrológica e por métodos de direções, os outros sistemas históricos não partiram da observações efeitos e sim da proposta matemática mera e simplesmente.

Entendendo as casas

As casas astrológicas são numeradas no sentido anti-horário a partir da cúspide (linha inicial) da primeira casa (também chamada de ascendente) e sempre projetadas na eclíptica.

Em geral, o Sol estará posicionado acima do horizonte, entre as casas 7 e 12 se a pessoa nasceu durante o dia (chamado de mapa diurno) e abaixo do horizonte, entre as casas 1 e 6 se você nasceu durante a noite (mapa noturno).

Em uma mapa natal, o zodíaco e os astros acabam por nos ajudar a entender os modelos de organização de ordem e desordem, os fatores abióticos celestes e como se distribuem, a termodinâmica, os mecanismos de troca com o meio, a saúde e o fluxo de energia corporal, o sistema nervoso e todas suas influências no comportamento, memória, escolhas, vocações, etc. e assim, nos ajudam a mapear os níveis mais internos e constitutivos.

A posição dos corpos celestes é estudado por seus padrões históricos recorrentes nestes setores (ou casas) e nos evidenciam características, inclinações e acontecimentos narrados pelo histórico existencial de cada pessoa.

Em geral, as casas astrológicas se combinam com os setores do zodíaco e as posições dos corpos celestes neles alocados. Desta relação, observaram-se padrões de repetição ao longo dos séculos e estas anamnésias nos ajudam a entender as possibilidades de padrões parecidos em mapas de pessoas de nossa convivência ou mesmo recém nascidos.

Desta forma, o zodíaco e os astros, bem como suas inclinações, nos ajudam a entender os potenciais para os acontecimentos e aqueles pessoais, por exemplo.

As casas funcionam como os cenários externos, nos quais os dramas irão se externalizar. Assim, são terminais sociais, existenciais, de dia a dia, de aspectos externos da existência humana. Desta forma, casas são passivas em relação ao zodíaco e aos astros.

As casas mundanas simbolizam as áreas, os setores das nossas vidas onde os corpos celestes, combinados aos signos do zodíaco, se manifestarão de forma mais ostensiva.

Cada casa do mapa astral relaciona-se nos estudos da astrologia, a um aspecto da vida mundana e poderá estar impregnada por alguma combinação entre o céu e os astros.

Ou seja, a análise da casa demostrará a área da vida a qual o corpo celeste e um ou mais signos zodiacais se manifestarão de forma mais evidente.

Nos estudos de astrologia, nota-se claramente que as casas astrológicas têm um efeito passivo se comparados à natureza do céu ou dos astros. Por exemplo, se uma pessoa tem a casa 1 iniciando em Capricórnio, o efeito de Capricórnio é manifesto no setor 1 ou casa 1 e não, a natureza da casa 1 afeta o setor de Capricórnio na eclíptica. O mesmo acontece com um determinado astro.

As casas são exatamente onde essas características terão mais chances de se manifestar. São os campos de experiência na vida terrena, não a experiência em si.

Se nenhum planeta for encontrado em uma determinada casa, isso não significa que essa área da vida não seja importante. Neste caso, a casa deve ser analisada de acordo com a natureza observada do signo que está em sua cúspide, ou seja, na linha de início da casa.

As casas funcionam como campos de experiências - ou visualizações destas experiências -, a forma como estamos a ver as coisas e nem sempre o que está acontecendo do lado de fora de nossas mentes.

As casas do mapa astral começam com o chamado Signo Ascendente, que é o signo que está nascendo no horizonte ao leste no momento do nascimento. De fato, é a intersecção do plano do horizonte com o plano da eclíptica - ou o setor na eclíptica no leste absoluto acima dos círculos polares onde não há ascensão do céu.

É a cúspide (linha divisória) da primeira casa. As casas que o seguem dão a volta no mapa no sentido anti-horário, sendo que o Meio do Céu é a intersecção do meridiano do lugar com o plano da eclíptica.

As classificações Angular, Sucedente e Cadente são aplicadas às casas da mesma forma que as classificações Cardinal, Fixo e Mutável são utilizadas para os signos.

Ter um signo em uma determinada casa significa poder se expressar e poder-se criar reflexões interessantes sobre suas sequências. Neste caso, podemos observar muitas vezes as materializações ou efeitos tangíveis daquilo que fazemos, ou planejamos, ou criamos para nós mesmos, ou mesmo os efeitos das linhas do destino cruzando nosso caminho (efeitos externos nos afetando o horizonte de eventos).

Por exemplo, nós nos expressamos no mundo (Casa I), obtemos e interagimos com recursos (Casa II), aprendemos, ensinamos, trocamos informações (Casa III), estabelecemos um lar (Casa IV), fazemos filhos (Casa V) e em seguida, trabalhamos para sustentá-los (Casa VI). Adiante, temos o nosso parceiro (Casa VII) para interagir e como resultado, recebemos certos benefícios com base em nossos relacionamentos (Casa VIII). Como resultado, objetivamos jornadas ainda mais longas (Casa IX). Cada uma dessas experiências distintas fazem partes das casas e são divididas em 12, complementares umas às outras, como você verá adiante.

Quer saber como essas informações podem afetar sua vida?

A relevância das casas na análise do mapa astral

A interpretação das casas astrológicas na análise de um mapa astral é algo muito importante, embora bastante sensível. Em um dia, um Ascendente se moverá através de todos os signos do zodíaco, ou seja, a cada duas horas mais ou menos, as cúspides mudam totalmente de um signo para outro, em especial se a pessoa nasceu próxima ao equador da Terra.

Isto quer dizer que, para que as informações das casas no seu mapa astral seja a mais precisa possível, seus dados de nascimento precisam ser informados corretamente, caso contrário, toda a análise das casas poderá ficar muito prejudicada ou até mesmo invalidada.

Muitas pessoas não sabem ou não dão o devido valor à hora em que nasceram, informando de forma equivocada na criação do mapa e tendo toda a parte das casas invalidada. Esta informação jamais deve ser negligenciada, assim como a cidade de nascimento, o regime horário e os horários especiais. Astrólogos sérios precisam conhecer o estudo dos calendários e das formas de datação.

Diz-se que uma casa astrológica é governada pelo planeta domiciliado nesta casa que tiver maiores dignidades por posição zodiacal, lentidão ou regência, e se não tiver nenhum astro, pelo regente do signo onde está a sua cúspide.

Ou seja, se a cúspide da terceira casa se encontra no signo de Áries, por exemplo, o regente da casa será justamente o regente de Áries, no caso, o planeta Marte, caso esta casa não possua nenhum outro astro.

Uma informação relevante na delineação de um mapa astral é que, casas angulares (I, IV, VII e X) manifestam de maneira mais intensa a ação natural dos astros ali contidos, afetando todo o mapa natal.

Muitos astrólogos não tiveram uma formação em astrologia como tiveram os astrólogos mais antigos que eram astrônomos e cosmólogos, e por isto entendem os motivos das angularidades e muitos outros princípios. Digamos que sua formação era mais plena.

A seguinte informação é baseada na astrologia tradicional grega e foi confirmada pelos estudos estatísticos do casal Gauquelin (já que alguns astrólogos, em especial os americanos, que emergiram da costa oeste [astrólogos e psicólogos] dos Estados Unidos no século XX, não consideram que uma casa é mais influente do que outra):

Planetas em casas angulares exercem 100% do seu poder se considerarmos seus efeitos no zodíaco das casas. Em casas sucedentes, apenas 50% e em casas cadentes apenas 25%, para se ter uma referência numérica visando a percepção dos efeitos.

Podemos imaginar, para tentar transferir o entendimento de como tradicionalmente a força exercida pelas casas fica, algo assim: 1, 10, 7, 4, 11, 5, 9, 3, 2, 8, 6, 12, sendo as três últimas menos intensas para destacar os astros de forma geral.

Hemisférios: diurno e noturno, visualizável e não visualizável

Esta interpretação pode trazer alguma evidência sobre a disposição dos astros acima ou abaixo do horizonte:

As Casas do Norte, hemisfério não visualizável, de 1 a 6, são casas cujas naturezas estão próximas da origem, ou seja, representam normalmente assuntos de base existencial. Assim, uma concentração de astros nestas casas pode significar uma certa resistência a afastar-se das origens, ou uma permanência mais dilatada nas fases preparatórias da vida. São casas relacionadas a setores que envolvem as primeiras experiências, algo como dizer: Eu, comer, os primeiros estudos escolares, a relação com os pais e avós, as brincadeiras e os hábitos de higiene básicos. Nem sempre ter muitos astros a baixo do horizonte significa introspecção ou internalização, como muitos acreditam. Se, por exemplo, a pessoa tiver o Sol, a Lua e Vênus em Sagitário e todos os outros astros a baixo do horizonte, não se pode afirmar isto. Assim, começar interpretando um mapa pelas casas é muito arriscado.

As Casas do Sul, hemisfério visualizável, de 7 a 12, são consideradas objetivas, direcionadas para o exterior, ou seja, extrovertidas. São mais mundanas em suas perspectivas e consideram razões e informações externas na tomada de decisões, isto é, dependentes de outras opiniões. É o polo que diz que você precisa também socializar a cada dia, a fim de recarregar sua bateria social. Por isto estes assuntos se referem a setores que implicam numa certa distância da origem em termos de idade e experiência. Concentração de astros nestas casas podem indicar que a segunda metade da vida tende a reservar os capítulos mais intensos e emocionantes em termos existenciais. Podem implicar em processos que estejam relacionados com assuntos que estão mais no futuro de nossas vidas: o casamento, o sexo, a morte, os estudos universitários, o sucesso profissional, os grande projetos e as doenças da velhice, por exemplo. Se referem a experiências mais distantes da infância e não significa necessariamente que pessoas que tenham muitos astros acima do horizonte sejam extrovertidas, por exemplo, mas sim que a fase mais adulta será muito carregada de experiências, contrastes, etc.

Hemisférios Leste e Oeste

Refere-se às disposições dos astros nos quadrantes orientais ou ocidentais do plano do meridiano.

As Casas do Leste, 1, 2, 3 e 10, 11, 12, muitas vezes são interpretadas como sendo de iniciativa, de comando, etc. Existe, entretanto, muito mais analogia do que observações claras. Uma pessoa poderá ter o Sol em peixes, a Lua em Câncer e a maioria dos astros neste quadrante mas não necessariamente ser impulsiva, de opinião, etc. São casas associadas à afirmação da individualidade, a autonomia e dos atos mais independentes das outras pessoas. O eu, o dinheiro ganho pelo próprio esforço, os resultados imediatos de nossos investimentos, as doenças que estão em nosso corpo, nossa profissão, nossos projetos, nossos estudos e opiniões, por exemplo. Uma concentração de astros neste setor pode enfatizar individuações, entretanto, como já dissemos, jamais se deve começar interpretar um mapa astral (um mapa de nascimento) pelas casas. Estas interpretações são sempre complementares e nunca de natureza primária.

As Casas do Oeste, 4, 5, 6 e 7, 8 e 9, da mesma forma, muitas vezes são interpretadas como pontos sem iniciativa, dependentes, etc. Entretanto, também existe muito mais analogia do que observações claras. Uma pessoa poderá ter o Sol em Leão, a Lua em Áries e a maioria dos astros neste quadrante e não necessariamente ser passiva, dependente do destino, etc. Assim, observações sobre quadrantes podem ser interessantes, mas não podem ser a primeira base do processo interpretativo, apenas seu complemento ou detalhe. Assim, o pai, a mãe e sua dependência, os filhos, os empregados, a pessoa com quem casamos ou nos tornamos sócios, o dinheiro em comum vindo ou perdido desta relação, nossos professores da universidade por exemplo, são bons exemplos desta interpelação. Se temos muitos astros nestas casas, fica claro a possibilidade de compartilhamentos, cooperações, atritos e litígios envolvendo as dinâmicas e demandas práticas da vida. E novamente: estas interpretações são sempre complementares e nunca de natureza primária na análise de um mapa astral.

Casas Angulares, Sucedentes e Cadentes

Enquanto usamos as palavras Cardinal, Fixo e Mutável para descrever os signos, usamos as palavras Angulares, Sucedente e Cadentes para se referir às posições análogas das casas.

A sequência de angular, sucedente e cadente funciona assim: começamos alguma coisa e como consequência adquirimos recursos ou habilidades. Por fim, refletimos sobre o que adquirimos ou aprendemos e usar isso para determinar o que vamos fazer a seguir, como vamos fazê-lo e para onde vão.

Casas Angulares implicam sempre em maior relevância das condições celestes. Assim, um Saturno angular afeta consideravelmente mais a vida da pessoa como um todo, do que se estivesse em uma cadente.

Casas Angulares

A palavra "angular" aqui refere-se aos ângulos principais, as quais são a primeira, quarta, sétima e décima casas.

Os ângulos principais são orientados pelos planos mais importantes do sistema de referências horizontal em astronomia, do qual se retiram tais posições. Eles são o horizonte do local (eixo dos inícios das casas 1 e 7) e o plano do meridiano (eixo dos inicios das casas 4 e 10).

Em geral, relacionam-se a assuntos capitais e portanto estruturais da existência, como pilares: a personalidade, o casamento, a família e a casa que moro, bem como o lado profissional.

Em outras palavras: quem Sou (1), quem são os outros (7), de onde venho (4) e para onde quero ir (10).

  • Casa 1 - A primeira casa rege o potencial pessoal, a forma como iniciamos as coisas e o próprio corpo ou aparência. Por exemplo, se Vênus está na primeira casa, temos a tendência a nos apresentar de uma forma harmoniosa e diplomática. Ainda se refere à imagem da mídia social, nossas fotos nas redes sociais, etc.
  • Casa 4 - A quarta casa, que é a da família, da vida privada ou o "eu" em relação à família, significa o ego que criamos a partir do passado, as origens genéticas, a memória, o autodesenvolvimento, etc. Também se refere à família, aos avós, os cuidadores, a origem e os últimos dias de vida.
  • Casa 7 - A sétima casa é o "eu" em relação aos outros (interpessoal), portanto, aos casamentos, as sociedades, os grupos de trabalho, as bandas de música, às companhias de teatro, etc. nas quais o indivíduo precisa repartir, coexistir, trabalhar junto, construírem ou destruírem juntos. Por isto, pode estar relacionada também aos litígios e embates diretos, bem como os concorrentes diretos e ostensivos.
  • Casa 10 - A décima casa é o "eu público" (fama, notoriedade), ou o "Eu" visto pelas pessoas. Refere-se aos nossos grandes feitos, às conquistas, à profissão, à carreira, às vocações, nossa influência pública, posição e reconhecimento social.

Casas Sucedentes

A palavra "sucedente" significa "seguir" e são a segunda, quinta, oitava e décima primeira. Juntar recursos, como coisas e se proteger em prol de segurança é um de seus motes. Uma consequência direta de colecionar coisas é a organização necessária envolvida no processo. Precisamos organizar e nos organizar. Isto implica a gestão do que você tem e o desenvolvimento dos seus recursos. Seriam os setores de suporte, sustentação e continuidade, como o lado financeiro, os filhos, as heranças, os fundos de reserva, o dinheiro aplicado, os patrocinadores e investidores, os acúmulos, produções, conquistas, os amigos, o comer, o fazer sexo, o divertir-se, o lazer, o entretenimento e os prazeres.

  • Casa 2 - A segunda casa é muitas vezes associada à riqueza, de bens e talentos pessoais. Refere-se à nossa capacidade ou dificuldade de lidar com recursos financeiros. Relaciona-se também com a forma como vemos, administramos, trocamos, compramos e vendemos, assim como também ao custo operacional, o salário e os pagamentos do dia a dia, o resultado comercial de nossos atos. É o que vemos materializado na forma de benefícios, as recompensas por nossos esforços, pelo dinheiro, pelos bens, pelos benefícios agregados, pelas trocas, as recompensas que recebemos na forma de alimento, bens e objetos que nos facilitam a vida.
  • Casa 5 - A quinta casa, muitas vezes refere-se a prazeres, que são o resultado de alguma atividade. Relaciona-se com amor e romance, assim como todos os tipos de entretenimento, incluindo quaisquer jogos e esportes. Também diz respeito a crianças.
  • Casa 8 - A oitava casa às vezes se refere aos recursos compartilhados, incluindo heranças. Também tem a ver com o sexo e regeneração - a rapidez com que pode se recuperar de uma doença, etc. Trata da saúde, do dinheiro de outras pessoas que se tornam compartilhados conosco ou nossas dívidas com bancos, financiamentos e sua administração, que poderá nos trazer benefícios (linhas de crédito) ou bloqueios para o consumo, tal qual vemos nos valores sociais que regulam a economia, bem como os fundos de reserva, as grandes dívidas, financiamentos, etc.
  • Casa 11 - A décima primeira casa refere-se aos amigos e grupos. Também se relaciona com esperanças e desejos que temos. Está ligada com o futuro e tais relações também envolvem os valores que esperamos que a sociedade adote. Refere-se também aos patrocinadores, os órgão de fomento, investidores, grandes conselheiros, tutores, treinadores e produtores. Mostra também nossos projetos, endorsements, orientadores e consultores mais íntimos, nossos clientes mais importantes, os amigos mais influentes e como nos relacionamos com eles.

Casas Cadentes

Cadente nesse caso significa "queda", "chegar ao fim" ou "resolução". As casas cadentes são a terceira, sexta, nona e décima segunda. Uma boa palavra-chave para cadente também é "dispersão", onde um dos significados de dispersão é "dar", "doar" ou mesmo livra-se.

No renascimento, esta cruz de casas estava relacionada ao sofrimento, às adversidades, aos desafios, às incertezas, ao acaso e à perda de controle.

Quando um grupo de pessoas ruma para caminhos separados, dizemos que se dispersam. Outra maneira de exemplificar é em termos de reflexão (pensamento) e suas consequências. Tendo tomado ação como seres conscientes (se isto acontece), ganhamos segurança (ou reunimos valores) e conseguimos (ou não) refletir sobre algo (pensar seriamente sobre alguma coisa ou situação), portanto este é o ciclo de reação da ação, de se lidar com as consequências de nossas ações.

Estas casas podem, por suas tensões, trazer reflexões para a possibilidade de conclusões, mudanças de rumo ou trajetória, ou também podem trazer desgosto, tristeza, decepção, riscos, perda de tempo, etc.

Além disso, podem ser setores onde poderemos ver os traumas e feridas difíceis de serem curadas.

Nas casas cadentes, refletimos sobre o que aconteceu antes e o que vamos fazer em seguida, ou seja, o que vai acontecer no futuro, se mudanças não ocorrerem.

As casas cadentes aparecem periodicamente nos momentos onde os processos estão para se encerrar, precisam de manutenção, estão em processo de mudanças ou reciclagem.

Na astrologia, significa pensarmos sobre o passado e o futuro de uma forma mais ou menos crítica, detalhada e impessoal, com a intenção de usar o que aprendemos para dar os nossos próximos passos na vida. Também podem estar relacionadas a possibilidades de reciclar e restaurar processos.

Os setores envolvidos podem estar relacionados a uma certa taxa de sofrimento, como por exemplo o eixo 6 / 12. Ênfases nestas casas se relacionam com a "caoticidade" e instabilidade. Da mesma forma, o eixo 3 / 9 refere-se às transições, viagens e novos inputs formativos que podem nos gerar reflexão. É, portanto, uma cruz de casas que envolvem volatilidade se o zodíaco e os astros assim indicarem, pois eles devem ser primeiramente interpretados.

  • Casa 3 - A terceira casa está relacionada com a comunicação, que em certo sentido, pode se dizer que seria "dispersar" o nosso conhecimento e experiência para os outros. É o ato de pensar sobre as coisas, ir aqui e ali compartilhando nosso conhecimento, assim como ganhando mais conhecimento. Este não é um conhecimento profundo, no qual é a relação da nona casa, e sim simplesmente fatos e informações. Literatura e comunicação verbal são ressaltados. Este setor pode estar relacionado com os relacionamentos com os irmãos e às vezes aos embates e dissenções. Também se refere aos esforços para estudar, dedicar-se as formações e certificações necessárias para se poder se engajar social e profissionalmente.
  • Casa 6 - A sexta casa é a casa de serviço, onde voluntariamente dispersamos nossos recursos pessoais e habilidades para ajudar os outros, fazer a manutenção e melhorar as coisas. É onde pensamos seriamente sobre questões de trabalho, rotinas e de saúde, e, como resultado, compartilhamos nosso conhecimento, principalmente no sentido de fazer as coisas para os outros, servindo e sendo prestativos. Entendida também como a casa dos pequenos aprisionamentos do dia a dia, como escovar os dentes, tomar banho, cuidar da cozinha, arrumar a casa, ir ao mercado, etc.
  • Casa 9 - A nona casa é a da filosofia e expansão da consciência, onde residem relações maiores e educação de nível superior, onde doamos nosso tempo e esforço para expandir nosso potencial mais elevado. Aqui nós pensamos muito profundamente sobre as coisas, tomando viagens mais longas a fim de adquirir conhecimento. Estas expansões podem estar relacionadas com culturas distantes que nos criam reflexões e choques culturais ou viagens marcantes que propõem um revisionismo de nossas culturas e sociedades. Este setor esteve relacionado com os processos jurídicos, a intervenção da igreja-Estado e as viagens longas e penosas para se estudar ou melhorar de saúde. Os esforços, deveres e compromissos com a Universidade também se referem a esta casa.
  • Casa 12 - A décima segunda casa é considerada uma das mais complexas. Este setor se relaciona ao sofrimento, às adversidades, dificuldades, às doenças difíceis de lidar e onde muitas vezes nos sentimos frágeis e vulneráveis. Está relacionado com as grandes instituições e formas mais impessoais de se lidar com as coisas, como hospitais, prisões, grandes burocracias, o serviço civil, o "além", etc. que são as áreas e assuntos onde pode se dizer que existe um tom de apenas servir ao invés de buscar algum lucro material e onde os trabalhadores e gestores são basicamente anônimos. É um setor onde perdemos o controle da vida por conta de problemas de saúde física ou psíquica, onde muitas vezes ficamos desorientados e reféns de um momento difícil. Também é a casa do serviço altruísta e impessoal quando o indivíduo possui um mapa empático e é capaz de sentir a dor do outro dentro de si, ou mesmo por entender a dor do outro pela sua dor, se pelo sofrimento o indivíduo desenvolver empatia com os outros e resolver compartilhar suas experiências. Entretanto, o sofrimento (dependendo do resto do mapa) pode levar à negatividade, depressão, baixa estima, falta de energia, doenças graves e ao declínio existencial. Pode-se também atrelar esta casa aos assuntos ocultos, nossas mazelas, manias, vergonhas, traumas, abandonos e humilhações. Em outros casos, pode significar também algo de bom que não é publicado ou divulgado (serviço abnegado, modesto) ou às vezes um mal que está escondido, infiltrado (se o zodíaco e os astros indicarem). Também se refere a assuntos ocultos que estão sendo descobertos, como pesquisas científicas ou algo do tipo. Refere-se também as "atividades nos bastidores", para o bem ou mal, o isolamento e a clausura, como laboratórios, ambulatórios, hospitais, etc. Qualquer pessoa que revê sua vida, é provável que pense em coisas que não fizeram e ou que gostariam de ter feito, assim como as coisas que fez ou que desejaram e não possuíram. Este setor pode estar relacionado aos aprisionamentos psíquicos, aos medos, travas e tabus. Isso pode resultar em sentimentos como alguma tristeza, culpa ou vergonha como também orgulho e satisfação, quando pensamos nas coisas boas que fizemos (ou mesmo em desejos reprimidos). A décima segunda casa também está relacionada com a saúde, seja como profissão ou como lidamos com a doença. Se as posições zodiacais, astros e aspectos indicarem, pode ser propícia à meditação (reflexão), ao autossacrifício (desprendimento) e caridade (doação altruísta), mas também com a dor, a angústia, os mau estares psíquicos, transtornos emocionais, decepções e mágoas difíceis de serem retiradas da memória. Indica também áreas onde temos inimigos secretos, que podem ser até mesmo certos aspectos de nós mesmos, aqueles que agem como sabotadores subconscientes que podem nos levar a nossa ruína.

Algumas informações adicionais

  • Método Regiomontanus: Conhecido também como "método racional", o sistema de Regiomontanus se utiliza basicamente do equador, da eclíptica, do horizonte e do meridiano para os cálculos, sendo o equador celeste dividido em doze partes e essas sendo projetadas na eclíptica. Hoje em dia, este método caiu em desuso pela maior parte dos astrólogos, mas já foi bastante utilizado antes do sistema Placidus assumir como o mais famoso e amplamente utilizado.
  • Método de Casas Iguais: Este é um dos métodos mais simples, utilizado nos primórdios da astrologia. A eclíptica é dividida em doze partes iguais de 30 graus, onde o signo Ascendente é considerado como zero grau de um signo e cada signo a seguir corresponde à cúspide da próxima casa até que o círculo zodiacal esteja completo. Neste sistema o início da casa 1 não coincide com o ascendente. Também é chamado de Casas de Signos inteiros. A casa era em essência o signo zodiacal alocado segundo a posição do ascendente. Foi o principal sistema de casas na astrologia da era helenística em seus primórdios e muito utilizado na astrologia védica, que é utilizada na Índia. Esse sistema pode ser utilizado também em latitudes mais altas, onde o sistema Placidus fica bastante distorcido, entretanto, o sistema Topocêntrico corrigiu estas distorções para acima do círculo polar ártico e é hoje tão popular quanto o método de Plácidus / Ibni Ezra. Praticamente em desuso no ocidente, ele encontra objeções matemáticas, geométricas, semiológicas entre outras. Mesmo no Helenismo tardio, começou a ser abandonado pelos modelos mais elegantes e naturais de Ptolomeu e Porfírio. Existe um outro método de casas iguais que igualmente não assiste naturalidade, nem bases naturais, onde se calcula as casas intermediárias como se todas as pessoas estivesse nascido no Equador.
  • Placidus - o mais utilizado: Este é o método mais utilizado pelos astrólogos ocidentais, principalmente depois do advento da computação. É baseado em cada grau da eclíptica de acordo com a latitude e longitude. O principal problema desse cálculo está em mapas criados a partir das latitudes mais altas, pois certos graus não conseguem tocar o horizonte, gerando uma distorção no desenho das casas que torna a análise impossível. Tais incorreções foram solucionadas por Wendell Polish e Alexander Marr e seus esforços para se criar o sistema Topocêntrico. Em alguns casos mais críticos, apenas duas casas podem ser visíveis no mapa. Quanto mais distante da linha do equador, mais preciso é este sistema.
  • Outros: Existem também vários outros sistemas para o cálculo das casas astrológicas, como o Porfírio, Alcabitius, Koch, Topocêntrico, Morinus, Campanus, etc.

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